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Resultados

 

Conclusões

 

O Reforço de Potência de Salamonde localiza-se na freguesia de Salamonde, no concelho de Vieira do Minho, distrito de Braga e integra a bacia hidrográfica do rio Cávado, imediatamente a jusante do Aproveitamento Hidroelétrico de Venda Nova II e a montante do aproveitamento hidroelétrico de Caniçada. A elevada disponibilidade hídrica, aliada ao seu elevado nível de pluviosidade, motivou o interesse nesta região. Para além disso, a existência de uma significativa capacidade de regularização de afluências, bem como a possibilidade de tirar partido das quedas proporcionadas pelos empreendimentos já existentes foram consideradas uma mais-valia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A implementação do Reforço de Potência de Salamonde possibilitará o aumento da capacidade de produção nacional com origem em fontes de energia renováveis e endógenas, bem como a redução das emissões de CO2 e a redução das importações de combustíveis fósseis. Para além disso, permitirá a melhoria da fiabilidade e da segurança do sistema elétrico português e o aumento de potência instalada eólica. Por fim, proporcionará a garantia de retorno do investimento a longo prazo bem como o desenvolvimento da economia local no período de construção.

Relativamente à análise técnica, o Reforço de Potência de Salamonde virá a aproveitar a queda compreendida entre as albufeiras de Salamonde e de Caniçada, cujos NPA se situam respetivamente às cotas (270,36) e (152,50), com um desnível de 118 m. A solução adotada passa por um esquema técnico implantado no maciço da margem esquerda do rio Cávado, constituído por um circuito hidráulico subterrâneo com 2,2 km de comprimento, tomada de água na albufeira de Salamonde e restituição na albufeira de Caniçada; uma central subterrânea, em caverna, localizada a montante do circuito hidráulico, equipada com um grupo reversível de 207 MW; órgãos de segurança, implantados na margem direita do rio Cávado e um edifício de apoio e subestação implantados numa plataforma à superfície, sobre a central.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A central de Salamonde II será equipada com um único grupo reversível, uma vez que a central de Salamonde I já possui dois grupos em funcionamento. O mesmo terá uma capacidade nominal de turbinamento de 200 m3/s e uma potência de 207 MW.

O aumento da capacidade instalada na nova central de Salamonde II permitirá reduzir as descargas não controladas e, consequentemente, aumentar a produção de energia associada aos recursos hídricos próprios. O aumento de potência instalada permitirá modular a produção em função do pedido, aumentando de forma significativa a flexibilidade do aproveitamento e a valia da energia produzida.

Devido à sua reversibilidade, o Reforço de Potência de Salamonde terá a capacidade de bombar água da albufeira de jusante para a albufeira de montante, nas horas de vazio, quando o preço da energia é mais baixo, e de turbinar a água armazenada nas horas de ponta, quando os preços da energia são mais elevados. A bombagem hidroelétrica é um importante mecanismo de flexibilidade de gestão do sistema eletroprodutor uma vez que permite o armazenamento da energia excedentária, dando origem a importantes benefícios económicos ao reduzir a volatilidade dos preços de mercado.

De uma forma geral, a presença do Reforço de Potência de Salamonde irá afetar os restantes aproveitamentos hidroelétricos localizados na bacia hidrográfica do rio Cávado de uma forma positiva no que diz respeito à produção de energia elétrica, e consequentemente, nas receitas provenientes dos mercados de eletricidade. Um dos aspetos a reforçar é o ganho positivo que o Reforço de Potência de Salamonde terá no Aproveitamento Hidroelétrico de Venda Nova III, através da bombagem de água para montante, que será posteriormente bombada para a albufeira de Venda Nova e que possibilitará o aumento da produção do aproveitamento hidroelétrico em questão.

Para efeitos de avaliação económica é possível identificar duas fases distintas do projeto em estudo: a fase de construção e a fase de exploração. A fase de construção do Reforço de Potência de Salamonde tem a duração aproximada de 5 anos enquanto que a fase de exploração terá a duração de 55 anos, segundo a legislação que incentiva a prorrogação do prazo de concessão dos aproveitamentos hidroelétricos pela via do reforço de potência (Anexo II do Decreto-Lei 226-A/2007 de 31 de maio).

De forma a aferir a rentabilidade do Reforço de Potência de Salamonde, efetuou-se uma análise de investimento do projeto em causa, na qual se detalharam todos os investimentos a efetuar, os proveitos e os custos ao mesmo inerentes e, por fim, com o objetivo de se calcular os indicadores económicos necessários à avaliação económica do mesmo, se calculou o respetivo Cash Flow.

A implementação do Reforço de Potência de Salamonde implicou um investimento total de aproximadamente 200 milhões de euros a preços de 2011, passível de repartir em três categorias: Construção Civil, Equipamentos e Outros. Os proveitos, que terão início com a fase de exploração, provêm das receitas obtidas através da venda de energia nos mercados de eletricidade, da remuneração obtida através do fornecimento de serviços de sistema e do incentivo ao investimento atribuído pelo Governo Português. Os custos são relativos à operação e manutenção (O&M) e ao consumo em bombagem.

No que diz respeito à componente quantitativa, possível de ser avaliada através de indicadores económicos, a avaliação do projeto de investimento inerente ao Reforço de Potência de Salamonde foi realizada em duas vertentes: uma análise determinística e uma análise de risco.

A análise determinística deste projeto de investimento foi realizado com recurso aos indicadores económicos do Valor Atualizado Líquido (VAL) e da Taxa Interna de Rentabilidade (TIR):

Foi tomado como referência um valor de WACC nominal após impostos de 7,32%, para o qual se obteve um VAL de 41 038 k€. Verificou-se que o valor do WACC influencia diretamente o valor do VAL e, consequentemente, a viabilidade económica do projeto de investimento. Quanto menor o WACC, maior o VAL, e como tal, maior é a probabilidade de se avançar com o projeto. Caso o VAL fosse o único indicador económico a aplicar nesta análise de investimento, poderia concluir-se que o projeto seria rentável desde que apresentasse um VAL positivo, caso contrário, não teria capacidade para cobrir o investimento efetuado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A TIR obtida foi de 8,26 %. Tendo apenas este indicador em consideração, pode afirmar-se que o projeto de investimento em estudo é economicamente viável caso a TIR seja superior ao WACC, o que significa que o Reforço de Potência de Salamonde é capaz de gerar rentabilidade acima do custo de oportunidade do capital. Comparando o valor de WACC nominal após impostos aplicado (7,32%) com a TIR obtida (8,26%), conclui-se que o Reforço de Potência de Salamonde é um projeto de investimento viável, uma vez que todo o investimento é coberto e é ainda gerado excedente financeiro para a empresa investidora.

É igualmente importante referir que os primeiros anos de um projeto de investimento são os mais importantes para a sua rentabilidade. Quanto mais longe se encontram as receitas obtidas com o mesmo, menor é o seu valor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A análise de risco do projeto de investimento inerente ao Reforço de Potência de Salamonde foi realizada em duas vertentes: uma análise de sensibilidade relativa a avarias e uma análise de simulação relativa a hidraulicidade:

A metodologia utilizada para a análise de sensibilidade relativa a avarias na central do Reforço de Potência de Salamonde consistiu em aferir em que medida a rentabilidade do projeto de investimento em estudo, medida pelo VAL e pela TIR, se altera em consequência da modificação, face ao previsto, da percentagem prevista de produção e bombagem do Reforço de Potência de Salamonde. Através da análise dos resultados obtidos é possível concluir que a altura do ano com menor impacto na rentabilidade do projeto de investimento é o 3.º trimestre, equivalente ao verão, uma vez que esta é a altura do ano em que há menos pluviosidade, e como tal, menos afluências, verificando-se uma menor percentagem de produção e bombagem nos aproveitamentos hidroelétricos. Por outro lado, conclui-se que as alturas do ano com maior impacto na rentabilidade do projeto de investimento em estudo são os 1.o e 4.o trimestres, equivalentes aos meses de outono e inverno, uma vez que estas são as alturas do ano em que há mais pluviosidade, e consequentemente, mais afluências, verificando-se um aumento na produção e na bombagem dos aproveitamentos hidroelétricos. Por fim, conclui-se que o período de vida útil do Reforço de Potência de Salamonde para o qual se verifica um maior impacto na rentabilidade do projeto é o início da fase de exploração, uma vez que, tal como já foi referido os primeiros anos de um projeto de investimento são os mais importantes para a sua rentabilidade. Caso aconteça uma avaria na fase inicial da fase de exploração do Reforço de Potência de Salamonde, os proveitos diminuirão significativamente, prejudicando a recuperação do investimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No que diz respeito à análise de simulação relativa a hidraulicidade, a metodologia utilizada consistiu em sortear a produção relativa ao Reforço de Potência de Salamonde de 2015 a 2070, através de uma simulação de Monte Carlo, de modo a perceber as variações que daí podiam ocorrer na rentabilidade do projeto, em virtude da probabilidade de ocorrência de anos mais húmidos ou mais secos. Os valores relativos ao consumo em bombagem não foram sorteados, uma vez que correspondem a 65% da produção turbinada pelo Reforço de Potência de Salamonde, e como tal, estão diretamente associados. Por observação dos resultados obtidos verificou-se que este projeto de investimento, relativamente a hidraulicidade, não tem risco associado, uma vez que o VAL obtido através da simulação de Monte Carlo é sempre positivo e a probabilidade de se obter uma TIR superior ao WACC nominal após impostos de 7,32% exigido pela EDP é de 100%. Este aspeto pode ser explicado pela reversibilidade do Reforço de Potência de Salamonde, uma vez que, na prática, caso exista risco de hidraulicidade, recorre-se à bombagem para atenuar esse problema.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por fim, é importante salientar que a avaliação de um projeto de investimento como o Reforço de Potência de Salamonde, deve ter em consideração os impactos ao mesmo inerentes, sob o ponto de vista social e ambiental. Verificam-se diversos impactos ao nível de socioeconomia, recursos hídricos, sistemas ecológicos, geologia, geomorfologia e recursos minerais, ambiente sonoro, qualidade do ar e património, os quais devem ser tidos em conta no momento de projeção e implementação de um projeto de investimento desta dimensão.

Em jeito de conclusão, é importante reforçar que a implementação de reforços de potência em aproveitamentos hidroelétricos já existentes é uma forma extremamente eficaz de responder às solicitações energéticas atuais. Através de todo o trabalho desenvolvido, é possível concluir que o Reforço de Potência de Salamonde é um bom projeto de investimento, apresentando indicadores económicos extremamente favoráveis, em grande parte devido à sua reversibilidade. De um modo geral, é possível afirmar que todos os objetivos propostos inicialmente foram cumpridos de forma satisfatória. 

 

Trabalho Futuro

 

O desenvolvimento desta dissertação deixou em aberto possibilidades de melhoria a explorar.

No que diz respeito à análise económica, relativamente à aferição dos proveitos provenientes dos mercados de eletricidade através da projeção dos preços anuais do mercado diário em Portugal, foram efetuadas diversas considerações e simplificações devido ao elevado grau de incerteza de previsão destes valores a médio e a longo prazo. A integração do MIBEL num mercado de eletricidade europeu, a possibilidade de harmonização ibérica dos serviços de sistema, a integração de um elevado número de veículos elétricos no sistema elétrico nacional, a produção descentralizada ou mesmo a disseminação de formas de armazenamento de energia são fatores a considerar, e que podem alterar de forma significativa os valores estimados. Poderia ter-se recorrido a preços de mercado mais rigorosos, no entanto, a previsão dos preços anuais do mercado diário em Portugal é uma informação muito bem paga e de difícil acesso.

Caso o WACC relativo ao projeto de investimento do Reforço de Potência de Salamonde não fosse confidencial, poderia ter-se efetuado uma análise mais aproximada do real.

Outro aspeto a ter em consideração no que à hidraulicidade diz respeito seria a ponderação da existência de regimes secos e regimes húmidos, em vez de se ter considerado uma média de regimes para os próximos 55 anos.

Relativamente à análise de risco efetuada, a mesma poderia ter sido realizada em mais do que duas vertentes. Poderia ter-se estudado a possibilidade de ocorrência de outros riscos internos e externos, tais como capacidade de armazenamento, interdependência de aproveitamentos hidroelétricos, processos de operação e manutenção, preço de mercado da energia elétrica, desastres naturais ou mesmo alterações legislativas.

Em vez de uma análise de sensibilidade relativa a avarias, poderia ter sido efetuada uma análise de fiabilidade relativa às mesmas. 

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